Que medidas tomaria para promover a educação fi-nanceira a nível mundial? Na minha opinião, isto é algo que tem de ser ensinado logo na escola e, acima de tudo, com uma abordagem prática e não tão teórica, para que se veja como afeta o nosso dia-a-dia e por que razão é útil que entenda-mos estes conceitos. E eliminemos as palavras eruditas e as explicações complicadas que, às vezes, parecem ser usadas de propósito, para desmotivar. Não há um conceito fi-nanceiro que não possa ser explicado de forma sim-ples e para todos os públicos. Isto melhoraria a cultura da poupança? Claro que sim, especialmente porque promovería-mos a cultura da previsão como uma coisa positiva e deixaríamos de ver a poupança como o dinheiro que sobra na conta no final do mês, o que é uma mentali-dade muito negativa. Temos de ver a poupança como aquilo que é: um instrumento muito útil para vivermos sempre melhor e com mais tranquilidade. Como considera que o setor dos seguros pode con-tribuir nesta área? O setor das seguradoras pode desempenhar um papel fundamental, precisamente porque os produtos de seguros existem para nos darem tranquilidade e para nos ajudarem a enfrentar determinadas situações de risco, e assim vivermos mais descansados. Além disso, as companhias de seguros são um interlocutor ideal para o cidadão comum que quer poupar, mas que não tem a formação ou a necessidade de recorrer a outros produtos de investimento mais complexos. Falamos de poupança, mas qual é a importância do controlo das despesas para conseguir poupar? O que a levou a cofundar a primeira start-up espanho-la dedicada ao planeamento financeiro? Precisamente isso, a falta de ferramentas financeiras desenhadas por e para o cidadão comum. Parece in-crível que em breve, sejam disponibilizados voos co-merciais para a lua e, no entanto, ainda seja preciso fazer contas com papel e caneta para saber o que se faz com o dinheiro. É preciso facilitar e automatizar a tarefa de classificar e analisar despesas, porque para tomar decisões informadas, primeiro há que saber em que é que se está a gastar o dinheiro. Como é que a situação económica que vivemos afeta a vontade de controlarmos mais as nossas finanças? A pandemia ensinou-nos o valor da previsão e a im-portância de algo tão essencial, mas tão pouco falado, como a resiliência financeira, que não é mais do que a capacidade de assimilar e recuperar de uma recessão económica. Aprendemos, neste ano difícil, que temos de aproveitar quando as coisas estão a correr bem para fazermos um “pé-de-meia”, para quando as coi-sas se complicam. Parece óbvio, mas esquecemo-nos muito disto. Que papel estão a desempenhar as redes sociais na difusão da cultura financeira? As redes estão a ajudar a colmatar essa lacuna na for-mação financeira. Aproximam o mundo da economia e das finanças do cidadão comum, de uma forma acessí-vel e divertida, na sua própria língua e visando o que realmente nos preocupa. Para a maioria dos mortais, a preocupação principal não são os swaps de divisas, nem os mercados de valores. O que todos gostaría-mos de saber é quanto devemos poupar para não ser-mos apanhados desprevenidos na próxima crise, se o preço das casas vai subir ou descer, qual é o emprésti-mo para comprar casa mais adequado, quais os inves-timentos mais seguros ou qual é o momento ideal para fazer um plano de pensões. A MetLife colabora ativamente com a Fundação Ju-nior Achievement na educação financeira dos jo-vens. Como avalia este tipo de iniciativas? Estas iniciativas constituem uma excelente forma de colmatar esta lacuna na formação, mas é importante chegar a setores cada vez mais vastos da população, para que ninguém seja prejudicado pela falta de for-mação financeira. Um estudo da MetLife revela que os trabalhadores estão cada vez mais à procura de apoio nas suas em-presas em aspetos relacionados com o seu bem-estar geral. Como podem as empresas contribuir para o bem-estar financeiro dos seus trabalhadores? Pois precisamente assim, ao entenderem as finanças como mais um fator no bem-estar de uma pessoa, que deve ser cuidado e cultivado. Nesse sentido, proporcio-nar workshops e formações de saúde financeira para os trabalhadores é uma boa forma de abrir caminho. Invierte en tí, o título do seu livro, vai além do mero investimento financeiro, englobando uma visão mui-to mais holística. O que há mais a ter em conta? É importante compreendermos as finanças como par-te das nossas vidas e não como um aspeto separado, em que se pode participar ou não. Todos temos uma vida financeira, é mais uma parte do nosso puzzle pessoal que tem de encaixar com o resto. Por vezes, temos uma visão demasiado limitada do que são as finanças e pensamos que investir é comprar cripto-moedas ou ações. Nem sempre temos consciência de que investir numa formação que nos permita ter um emprego melhor, ou na nossa saúde, pode ser muito mais rentável a longo prazo.